quarta-feira, 9 de setembro de 2009

E no silêncio lento...

Espero por você, feito uma idiota, a cada minuto contado penso que você e eu nunca daríamos certo, mas o que eu sinto por você vai limpando e varrendo esses pensamentos demasiados lúcidos da minha cabeça, o meu amor não passa de um faxineiro devaneador constante e incansável, pobre diabo!

...Nada que um licor de ameixa, ao som de Lee Morgan e seu trompete, não resolva. Nada que um ''Eu te amo'' em cima de um sofá velho de couro falso não resolva... Uma lágrima escapulida do seu olho, uma única lágrima, uma lágrima que continha todas as razões históricas e místicas da liturgia, esvanecida rapidamente pra eu não ver, mas eu pude ver, e ela era linda, ela cantava, dançava, pingava no toca discos, girava, girava, girava e voava em minha direção, segurava minha mão e me pedia gentilmente pra ficar, ela brilhava como um cristal e reluzia as sete cores, revelando então os sete mil amores que eu guardei somente pra te dar... Viva Tom Jobim! Viva Tom Zé! Viva todos os tons, todas as notas, todos os sons... Viva as buzinas de São Paulo, as ruas cinzas, as nuvens cinzas. Viva todas as cores! Todas as etnias! Viva Barack Obama! Viva os Estados Unidos da América!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Casaquistão, um quarto, eu, a maquina, janela e só.

Buzz off! diz:
eu estava no Casaquistão, fiquei o dia inteiro dentro do quarto do hotel tirando fotos do lado de fora e do lado de dentro da janela...

Buzz off! diz:
Casaquistão, um quarto, eu, a maquina, janela e só.

Quérol diz:
Qual o nome do lugar?

Buzz off! diz:
Eurasia. Proximo do hotel tinha uma ponte que passava pelo rio Ural e dividia a Europa da Ásia, um lado da ponte Europa e do outro... Adivinha...

Quérol diz:
Ásia!

Buzz off! diz:
Como você é esperta!




Fotos por: Diego Oliveira

terça-feira, 2 de junho de 2009

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando você volta pra casa (ou: A vontade de se jogar da janela)



A menina preparou um jantar à luz de velas pra comer sozinha,
ela enche duas taças de vinho pra beber sozinha;
bebe as duas, fica tonta, e chora...
Pois quando você vai embora pra sua cidade longínqua,
ela se muda também,
ela arruma as malas pra voltar pro apartamento dela também,
que é onde ela sempre esteve, e é onde nasce um lugar bem distante quando você está lá,
e é triste ter de se reabituar ao apartamento quando ele já não é azul-turquesa, quando os pássaros já não pousam mais na janela, quando tudo volta a ser como era antes e o vento já não soa blues, quando o Sol não nasce na hora que ela bem quer, quando as risadas já são tão as mesmas de outrora...
E mais do que triste, é terrível acordar sem você aqui.
A mala já está pronta, pesada, cheia de lembranças
A menina tem que se apressar pra não perder o vôo de voltar pra cá,
Ainda chorando, ela se apressa, abre a janela do quarto, respira fundo, estica os braços... E voa.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vovô Godot



Quando olhei pro lado, você já não estava mais aqui,
Você se foi rápido demais.
E eu que ficava triste no natal
Logo sorria quando ouvia o seu violão tocar, nem pude retribuir, soprar minha gaita pra você ouvir.
Você partiu tão rápido que nem ouviu as fábulas que inventei.
O seu retrato eles tiraram da parede.
Depois que você foi embora, ninguém nunca mais foi lá, ficou completamente abandonado. Ano passado eu fui, e pintei aquele portãosinho velho de verde-água, que é pra quando você voltar, você ia gostar da cor... Lembro que minha mãe dizia que você tinha ido pro infinito, e eu pensava que era perto de onde fica o Cruzeiro do Sul. E então, quando uma estrela cadente passasse pertinho, você ia se agarrar na sapatilha dourada dela, pra pegar uma caroninha - duvido que não ia! - e ia soltar lá no quintal, só pra vir me visitar, foi por isso que eu deixei aquele monte de folhas bem no meio do quintal, que é pra você não se machucar muito na hora da queda.
Mas desde o dia em que você foi embora, nenhuma estrelinha cadente sequer passou pelo céu...
Saiba que nunca mais poderá ser tudo igual, sem ninguém pra me oferecer mamão bem de manhãzinha, pra me balançar com muita força na rede, pra me chamar de ''Calulina'', pra arremedar a chata da vizinha...
Agora eu nem sinto mais cócegas nas costas. Realmente, eu não poderia.
Você se foi, sem me avisar que ia.